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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Relação entre Juros, Câmbio, Balança comercial e o tamanho que o Governo quer ter.

Atualmente os Juros praticados no Brasil estão entre os maiores do Mundo, adiciona-se a isso o risco-país ser relativamente baixo em comparação aos Juros pagos, logo os recursos internacionais acabam fluindo, e no regime de cambio flutuante, faz com que nossa moeda se valorize.
Se os juros caem muito, a população tem maior acesso ao crédito aumentando a demanda ao elevar o consumo de bens e serviços. Este aumento da demanda pode pressionar os preços caso a indústria nacional não esteja preparada para atender esse maior consumo. 
Por outro lado, se os juros sobem, a autoridade monetária inibe consumo e investimento, evita-se que os preços subam desacelerando a economia como um todo.
Com a manutenção dos juros elevados em comparação aos padrões internacionais, e com a conseqüente valorização de nossa moeda, setores exportadores têm dificuldade em vender nossos produtos “valorizados” e da mesma forma faz com que nossa capacidade de produção industrial tenha forte concorrência com produtos importados, notadamente os chineses, que entram no mercado com preços mais acessíveis. Esse desequilíbrio na balança comercial se dá pela valorização do câmbio, que é conseqüência da entrada de capital especulativo que por sua vez é atraído pelas elevadas taxas de juros do país. 
Podemos concluir que a valorização do Real acaba meio que sendo um efeito colateral do controle da inflação pelo aumento dos Juros.
Entretanto o controle inflacionário é realizado hoje exclusivamente com o aumento das taxas de Juros e isso tem se revelado um remédio amargo e necessário. Mas com os Juros em alta, o capital estrangeiro é atraído para buscar maiores rendimentos e isso valoriza nossa moeda.
É importante ressaltar o fato de que as exportações não devem depender somente da desvalorização de nossa moeda e sim de melhora da produtividade, como também é fato de que as importações “mais baratas” ajudam a controlar os preços internos, e isso é bom.
Também são poucos os que acreditam que haja necessidade de controle de fluxo cambial, pois as regras devem ser estáveis e o regime de cambio flutuante dá ao país a confiança necessária a sua aceitabilidade no cenário econômico internacional.

Dez entre dez economistas acreditam em duas saídas desafiadoras e cada vez mais imprescindíveis: A redução dos gastos públicos e a aceleração das reformas governamentais, principalmente a fiscal.

Enquanto permanecer a atual política fiscal expansionista, é inevitável a manutenção dos juros em níveis elevados, e conforme vimos, o câmbio valorizado. E reduzir o ritmo do crescimento das despesas públicas é simples e tem se mostrado um remédio bem menos amargo para todos os países responsáveis que o adotam.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Carta aberta a algum candidato


Até que se prove o contrário o melhor modelo econômico (se considerarmos todos os outros derivações tortas da mesma e única, fonte capitalista) é o liberal anglo-saxão:
Estado pequeno, governo como árbitro e não como jogador, sistema judicial ágil e imparcial para resolver os conflitos, livre mercado baseado na competição e na meritocracia, menos impostos e mais liberdade (e, é claro, mais responsabilidade) individual.
O sonho esquerdista não sobrevive a uma análise mais séria. Nele a exploração do trabalho pelo capital é indesculpável. O risco do empreendimento, a coragem de tomar a iniciativa privada, e que move o mundo onde poucos topam encarar, não justifica de modo algum os lucros do empreendedor sobre o trabalho de seus funcionários.
Na raiz da solução dos problemas reside a educação da futura geração. É preciso reforma educacional aguda, da base ao superior, que possibilite a todos o mesmo ponto de partida e torne a chegada obra exclusiva do esforço e talento e não de privilégios de uma classe dirigente partidária e/ou estatal.
Por fim, não esqueçamos que os pecados da direita não devem virar práticas justificáveis quando utilizada pela esquerda.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Empreender é preciso

Excelente iniciativa do Sebrae que dá uma mão aqueles com espírito empreendedor.
O programa Negócio Certo mostra: idéias de negócios e como fazê-los na prática.
É necessário fazer um cadastro simples no próprio site:
http://www.negociocerto.sebrae.com.br/

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A dubiedade brasileira

Transcrevo em resumo um artigo de Adriano Silva, do Gizmodo, de 1996. Mais do que apenas o país do jeitinho, o Brasil é cheio de contradições. Uma festa de paradoxos, onde o lógico é excessão.

Entre o quimono e o jeans

O Brasil sempre esteve de alguma forma, receptivo à organização liberal da economia. No entanto, estivemos também sempre dependentes de um Estado grande e provedor. É possível que boa parte de nossos problemas se deva ao fato de nunca termos investido de verdade em um caminho definido de desenvolvimento. Nunca instituímos uma economia planejada e um Estado controlador, e também nunca apostamos numa economia de mercado e num governo que fosse meramente o árbitro da partida.

Até o final da década de 80 essa contradição entre planejamento com governo grande e competição com governo pequeno podia ser traduzida pelos conceitos de socialismo e neoliberalismo, dois sistemas econômicos distintos que mal se falavam. Hoje, a contradição está representada por dois estilos dentro do mesmo sistema. De um lado está o capitalismo de estilo ocidental, cujo paradigma é os Estados Unidos, e de outro está o de estilo oriental, cujo paradigma é o Japão (agora também a China).

O capitalismo de estilo ocidental origina-se na ética protestante. É essa maneira de ver e compreender as coisas que deu aos Estados Unidos a base para o desenvolvimento de conceitos como democracia, liberdade individual e competição. Ela se funda na idéia do indivíduo que age sobre o seu meio e que tem uma consciência aguda dos próprios direitos. O estilo oriental, por sua vez, origina-se no confucionismo. Se para a ética protestante o indivíduo deve transformar o meio em que vive, para o confucionismo o indivíduo deve se adaptar às condições que estão dadas. O que para o Ocidente é consciência dos próprios direitos e democracia, para o confucionismo é consciência dos próprios deveres e hierarquia. O que para os americanos é liberdade individual e busca do equilíbrio pela competição, para os japoneses é trabalho coletivo e busca do equilíbrio pela harmonia.

O capitalismo de estilo ocidental surgiu nos Estados Unidos na virada do século, com o advento da produção em massa. As mesmas técnicas, adaptadas, geraram o fabuloso crescimento econômico que o Japão experimentou a partir da década de 50. A adaptação realizada pelos japoneses, porém, terminou por criar o estilo oriental. Ou seja, um capitalismo feito para caber nos moldes confucionistas milenares da sociedade japonesa. E, se o estilo ocidental dos Estados Unidos inspirou e continua inspirando boa parte do planeta neste século, o estilo oriental do Japão é o grande exemplo seguido de perto pelo Sudeste Asiático como um todo.

O estilo oriental traz um governo forte, atuando diretamente na economia. No Japão, a economia ainda é fortemente regulada, embora pressões externas e internas estejam gerando um processo de desregulamentação. Na Coréia, o papel do Estado na sociedade é ainda maior. O governo coreano executa seu planejamento de modo mais autoritário do que o japonês. Como o financiamento está centrado no Estado, as companhias coreanas estão muito mais sujeitas às determinações do governo. Não é raro o governo coreano definir as companhias que devem entrar ou sair de determinado negócio. Tanto no Japão quanto na Coréia, o Estado tem nas mãos as rédeas da economia: controla a produção de cada indústria, a competição e a expansão das empresas. Mas, na Coréia, o governo chega ao ponto de ter participação acionária nas companhias e a estabelecer para elas mercados e estratégias.

Essa situação vem mudando gradativamente. O Japão está desregulamentando sua economia, incentivando as importações e tornando o ambiente mais propício à competição. Na Coréia, as companhias têm realizado esforços visando à quebra de sua estrutura autoritária de gerenciamento. No entanto, o estilo oriental ainda é — e será, por muito tempo — uma das características da região e merece, pelas diferenças que impõe, a maior atenção dos empreendedores ocidentais.

Diante desses novos modelos de como organizar a atividade produtiva de um país, o Brasil parece ainda manter a sua histórica dubiedade. De um lado há um Brasil que pensa grande, que enxerga longe e que trabalha duro para encontrar seu lugar no novo panorama da economia mundial. É o Brasil competitivo, que funciona por si só. De outro lado há o Brasil que ainda precisa de um Estado grande para garantir a proteção de seus mercados e também a socialização de seus freqüentes prejuízos. É o Brasil ineficaz, sem preparo para a competição e aparentemente desinteressado em adotar as mudanças que os novos tempos impõem.

Confrontando a postura econômica brasileira com os estilos ocidental e oriental, constata-se que o Brasil se mantém externo a ambos sob vários aspectos. Os direitos individuais do estilo ocidental, por exemplo, não têm presença forte no Brasil. A cidadania e a valorização do ser humano não são preocupações nacionais. Por outro lado, a consciência dos próprios deveres, pedra fundamental do estilo oriental, também não pode ser apontada como uma característica brasileira. Ou seja, nesse campo o Brasil está no meio do caminho.

De certa forma isso também acontece em relação ao papel do Estado. O projeto da economia brasileira é basear-se na competição e nas leis de mercado. No entanto, existem regras e protecionismos que nem o Japão possui. A tarifa média japonesa para importações é 3%. No Brasil, está em 14%. Sem falar no imposto de consumo, que no Japão é também de 3% e que no Brasil, representado pelo ICMS, chega a 25% num Estado como o Rio Grande do Sul. Ao lado disso, o governo traz uma tradição de pouco rigor em áreas em que deveria atuar sem titubeio, como no combate à sonegação ou na penalização por fraudes. Ou seja, o Estado brasileiro é grande e ineficaz, o contrário do que consta na cartilha do estilo ocidental, onde o projeto do governo é ser pequeno e eficiente; e está distante também do que acontece no Japão, onde o tamanho e o papel do governo corresponderam nos últimos cinqüenta anos, ao mais notável crescimento econômico de um país em todos os tempos.

O perfil do governo brasileiro contribui também para que a competição esteja mal estabelecida no país. Nos Estados Unidos a competição é a base para o equilíbrio social e para a satisfação das necessidades. No Brasil, a tradição de favorecimentos e de tráfico de influência e informações, da qual o Estado tem sido cúmplice, colabora para que as oportunidades entre os competidores não sejam as mesmas, gerando ambientes propícios ao aparecimento de cartéis e monopólios. A entrada de novos jogadores é dificultada, e essa competição mantida em banho-maria faz com que muito facilmente, no mercado brasileiro, os preços sejam mantidos no patamar mais alto possível e a qualidade em padrões apenas aceitáveis.

O Brasil tem muito mais semelhanças culturais e éticas com o capitalismo de estilo ocidental do que com o de estilo oriental, embora o país pareça estar a meio caminho entre ambos em muitos aspectos. Passada a era em que os modelos econômicos eram incompatíveis e arrastavam o mundo para uma discussão que era mais política do que econômica, já está mais do que na hora de o Brasil escolher um caminho de desenvolvimento e apostar nele as suas fichas. As cartas para a próxima rodada deste grande jogo que é a economia global já estão dadas, e a mão está excelente para o Brasil. Talvez nunca tenha estado tão boa. Agora é jogar.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Protecionismo do Sardenberg

Um tema sempre recorrente em análises de comércio internacional é o Protecionismo. Seja disfarçado "apenas" de um inocente discurso anti-globalização ou mesmo de teorias nacionalistas ufanistas, defendidas por pessoas que se intitulam patriotas, o Protecionismo é um mal e deve ser combatido por todos de bom senso.

Gosto muito do jeitão caipira e pragmático do Sardenberg (no menu ao lado tem link para o site dele). Ele é dessas pessoas que falam e escrevem com clareza, assuntos que poderiam se mostrar complexos. Abaixo, um comentário dele sobre o Mal do Protecionismo, do início do ano, porém um tema nunca ultrapassado e que por isso não deve ser esquecido para ser sempre combatido.

O mal do protecionismo

O protecionismo é um caso clássico em que a política, pelo menos a de curto prazo, colide com a economia.

No varejo, no caso a caso, proteger uma indústria ou todo um setor parece fazer sentido. Se uma fábrica brasileira vai fechar porque não consegue competir com brinquedos vindos da China, então teremos empregos perdidos aqui e preservados lá na China. Logo, aplica-se um imposto proibitivo sobre o produto chinês e salvam-se os empregos brasileiros.

Do mesmo modo, como fizeram os deputados americanos, se o governo vai gastar dinheiro do contribuinte americano para fazer estradas e pontes, por que deveria comprar aço estrangeiro e assim estimular o emprego lá fora? Comprando só aço americano garante os empregos nacionais.

O efeito imediato da proteção é visível.

Os outros efeitos, não.

Para o consumidor local, o efeito é péssimo. Vai pagar mais caro e se torna consumidor cativo do fabricante nacional, pois a proteção elimina a concorrência maior, que é a internacional. E sem competição, a busca pela qualidade cai. Portanto, a proteção transfere renda do consumidor para o produtor e reduz a competitividade daquele setor.

Mas o problema maior – e que demora a aparecer – está no comércio internacional. Quando todos os países se guiam pela proteção, e uns retaliam outros (por exemplo, o Brasil restringe a importação de carne argentina para retaliar os argentinos, que impediram a importação de geladeiras brasileiras) o resultado geral é uma redução no volume do comércio mundial.

Menos comércio dá em menos desenvolvimento e em menos empregos. Assim, os americanos salvam os empregos do pessoal do aço, mas perdem os empregos dos que trabalham em fábricas e serviços que fornecem para o exterior. Os americanos não vão comprar nosso aço? Ok, não compramos os filmes deles.

O mundo já passou por períodos de protecionismo. Em todos houve perda de crescimento. Mas evitar isso depende de ação coordenada de países. Se não, cada um segue sua lógica particular e o resultado é um desastre geral.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Paradoxo Eleitoral

Nessa seção, abordaremos assuntos variados, cujo tema tenha alguma relação com Economia e Sociedade. Nesse primeiro texto, que trata de um Paradoxo matemático muito interessante sobre sistema eleitoral, de autoria de Jorge Buesco, nos é permitido questionar sobre um sistema até então inquestionável e livre de dúvidas, ao menos do ponto de vista matemático, como o das eleições. Transcrevo aqui as partes mais substanciais do site http://www.ceticismoaberto.com/:

Eleição pelo Método de Borda

Eleições livres e universais é a essência da democracia, e o princípio de "um homem / um voto" é a expressão máxima da igualdade entre os homens. Nada pode haver de mais justo que os resultados das eleições. Certo? Errado.

O princípio aceito hoje universalmente, de "um homem / um voto", conhecido por "votação plural", não é o processo mais justo de proceder a uma eleição. Pelo contrário. Pode levar a gritante injustiça, elegendo o candidato menos apoiado pelo eleitorado! E estas afirmações nada têm de ideológico. São conseqüências de teoremas demonstrados por matemáticos e publicados na literatura científica.

Nada melhor para esclarecer estas afirmações surpreendentes do que um exemplo. Suponhamos que para um determinado cargo existem três candidatos: o Alberto, o Bernardo e a Catarina (daqui por diante designados respectivamente por A, B e C), e que o universo eleitoral é constituído por 12 pessoas. Cada eleitor tem a sua hierarquia de preferências entre A, B e C. Se um eleitor prefere A ao B e, por outro lado, B a C, vamos designar as suas preferências eleitorais por A>B>C.

Suponhamos então que a ordem de preferência eleitoral dos votantes são as seguintes: para 5 dos eleitores, A>C>B; para 4 dos eleitores, B>C>A; e para os restantes 3, C>B>A. De acordo com a regra de “um homem / um voto”, cada eleitor vota apenas na sua primeira preferência. Resultado – o Alberto é eleito com uns confortáveis 42 %. E com toda a justiça, podemos pensar.

No entanto, uma simples contagem mostra que, retirando-se, por exemplo, o candidato Bernardo, a Catarina ganha ao Alberto por 7 a 5 – porque o Alberto é a primeira escolha para 5 votantes mas a última para 7. Seria eleita a Catarina! E mais. Nas outras eleições entre apenas dois candidatos, a Catarina vence o Bernardo por 8 a 4 e o Bernardo vence o Alberto por 7 a 5.

Estes resultados sugerem fortemente que os eleitores no seu conjunto encaram a Catarina como o melhor candidato, visto que ganha a todos os outros isoladamente, e o Alberto como o pior, visto que perde em comparação com qualquer dos outros. E por ironia do destino, é eleito o Alberto e a Catarina fica em último lugar. O resultado da escolha coletiva foi o menos desejado pela maioria dos próprios eleitores.

Este paradoxo eleitoral tem um único culpado: o processo de contagem dos votos. Ele mostra que a “votação plural” pode, ao contrário do que é intuitivo, não refletir fielmente as opções do eleitorado. Estas observações não são novas. Tudo começou quando, em 1780, o matemático francês Jean-Charles Borda, cansado do que considerava ser má decisão eleitoral da Academia das Ciências, descreveu os defeitos do sistema “Um homem / um voto” (um dos exemplos que forneceu foi o atrás descrito) e propôs um novo sistema, que demonstrou matematicamente ser mais justo. A Academia adotou-o até cerca de 1800, altura em que foi proibido por Napoleão (cuja fama não provém do seu amor à democracia).

O método proposto, conhecido hoje como “contagem de Borda”, é simples. Em lugar de “um homem / um voto”, cada votante deve ordenar os candidatos por ordem de preferência. Se há três candidatos, a primeira escolha do votante recebe 2 pontos, a segunda 1 ponto e a terceira 0 pontos. No final, somam-se os pontos obtidos por cada um dos candidatos. Ganha quem tiver mais pontos.

É mais ou menos clara a superioridade deste método sobre a votação plural na qual é apenas considerada a primeira preferência do eleitor e as suas outras opções são ignoradas. A contagem de Borda retrata com maior fidelidade e precisão as preferências do eleitorado.

Para retomar o exemplo acima, realizemos a eleição entre A, B e C utilizando a contagem de Borda. O resultado é de 15 pontos para a Catarina, 11 para o Bernardo e 10 para o Alberto. Fez-se justiça! A Catarina é eleita e paradoxalmente, o Alberto fica em último.

Cabe ressaltar que o sistema exige em qualquer forma de eleição, a satisfação de uma propriedade, com a qual dificilmente se discorda. A Liberdade. Cada eleitor pode ordenar livremente os candidatos (desde que o faça transitivamente: se prefere A ao B e B ao C, então tem de preferir A ao C).

Para assegurarmos uma eleição justa e livre de paradoxos, basta encontrar um sistema que verifique estas condições e substituir o sistema de voto plural por ele. No entanto, falta aos matemáticos o maior dos trabalhos: convencer os políticos de que, para haver justiça nas urnas, têm de substituir o sistema “um homem / um voto” pela contagem de Borda. Aliás, bom tema para reforma eleitoral, não?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O que ensinar de finanças nas escolas

Finalizando o artigo sobre a grade curricular ideal de Educação Financeira nas escolas e sempre levando em conta a perspectiva de longo prazo e aprendizagem continuada, apresento aqui uma idéia de como seriam os tópicos a serem levantados na classe. Nunca esquecendo que fundamentalmente o principal objetivo é desenvolver nos alunos a reflexão e o espírito crítico.
  • Dos 8 aos 9 anos (3ª a 4ª series):
    - A diferença entre necessitar e desejar.
    - Como reduzir os desperdícios em casa. (de comida, de energia, etc.).
    - Desenvolvimento da mentalidade de solidariedade: A importância de se doar tempo e parte dos ganhos para aquilo que comumente chamam de "caridade". Esses recursos não devem ser vistos apenas como filantropia, mas como investimento social.

  • Dos 10 aos 14 anos (5ª a 9ª series):
    - Juros simples e Compostos.
    - Responsabilidade social e cidadania: A solução de muitos problemas não deve depender apenas de governos.
    - Noções de Poupança: acompanhamento mensal (até a 9ª série) de uma conta virtual ou mesmo real, estimulando o aluno a ter sua conta individual (sempre com valores compatíveis com a realidade que vive), e com os objetivos desafiadores e bem definidos.
    - Pesar prós e contras de cada aplicação; saber qual a hora de gastar o ganho obtido.

  • Dos 15 aos 17 anos (1ª a 3ª do ensino médio):
    - Noções de Renda Variável, taxas, capitalização, financiamentos, etc.
    - Carteira virtual na bolsa: aproveitando-se os ambientes de internet que já oferecem gratuitamente serviços de simulação financeira (inclusive de compra e venda de ações em bolsa).
    - Desenvolvimento do espírito empreendedor.
    - Análise de casos e do mercado financeiro, tanto nacional quanto mundial, dos erros do passado e suas conseqüências.

Acredito que esses tópicos sejam minimamente suficientes para permitir o desenvolvimento de uma mentalidade saudável com relação ao dinheiro no longo prazo. Nada impede, se houver mais aulas disponíveis durante o mês, que se incluam outros temas recentes ou se aprofundem mais os conhecimentos com outras abordagens práticas.

Importante também salientar que ao se abordar esse assunto nas aulas de matemática e não em uma disciplina separadamente, acaba se criando um ambiente mais sério e disciplinador, além de dar o tom de continuidade necessário ao melhor desenvolvimento da aprendizagem prática para o cotidiano das pessoas.


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Como ensinar Finanças nas escolas

A sugestão aqui exposta é apenas um método que acredito ser o mais viável economicamente, pois praticamente não envolve custos diretos, e também menos “agressivos” na ordem já estabelecida, já que não exige alteração da grade curricular das escolas.

Deixo de lado qualquer pretensão de uma sugestão de mudanças mais profundas no currículo escolar que, diga-se de passagem, seria ideal, pois sabemos da baixa qualidade da educação no país. Uma grande reforma do ensino exigiria maiores investimentos, causando certamente uma rejeição imediata, visto que a atualidade educacional que vivemos nos obriga ainda a privilegiar a quantidade e não qualidade. Além disso, a alteração da rotina das aulas e dos mestres poderia provocar o sentimento de ceticismo a grandes mudanças que existe principalmente no ambiente educacional.

E por fim, a reforma educacional ampla não é assunto deste Blog, dadas às inúmeras variáveis envolvidas. Fiquemos, portanto com uma proposta bem mais realista:

Como fazer então?

Capacitar um professor da área de ciências exatas, (o ideal seria o professor de matemática), pois ele já deve possuir raciocínio lógico e capacidade de entendimento analítico, condição minimamente necessária para possibilitar o ensino da disciplina e, mais importante, tem a capacidade de motivar os alunos no entendimento da vida financeira e suas variáveis. Presume-se também que ele tenha os conhecimentos básicos em matemática financeira (juros simples, compostos, diferença entre juros e correção, cálculo de taxas, etc), embora esse enfoque não seja exatamente o principal a ser seguido.

A freqüência ideal da aula de Educação Financeira seria mensal, pois isso possibilitaria um acompanhamento de longo prazo (no decorrer do ano) dos ensinamentos práticos e também dos investimentos que seriam realizados logo no inicio do período escolar. O objetivo aqui seria estimular e acompanhar a visualização do ganho real originado (ou analisar as razões de eventuais perdas). O principal é que as primeiras aulas dêem a visão exata do que se quer no futuro. O decorrer do ano letivo seria o "como" perseguir as metas estipuladas inicialmente. Estipular (eventualmente corrigir) metas realistas, alcançáveis, sempre inseridas no contexto social em que vivem, seria o alvo principal da matéria.

Essas ações criariam um cenário positivo e despertaria a curiosidade natural dos alunos, inclusive daqueles que no primeiro momento não levariam tão a sério a “lição de casa” de guardar dinheiro. A cada aula, gradativamente tomariam consciência do valor que teriam ao observar o investimento dos colegas, ou da turma como um todo, criando uma competição saudável entre eles de acúmulo de capital, simultâneo ao acúmulo de conhecimentos em matemática financeira, estatística, ética (dinheiro dos outros) e técnicas de negociação. Não um simples acúmulo, mas sempre objetivando algo maior, mais duradouro, que tenha impacto direto em seu futuro e no futuro da própria sociedade em que vivem. Essa noção de sacrifício inicial para melhor beneficio posterior seria então incutida e disseminada, podendo estender-se até à própria família do aluno, cumprindo também seu papel social.

Cada turma teria uma conta virtual (ou mesmo real) e cada aluno seria estimulado (não obrigado) a ter também um valor aplicado, a sua maneira, em sua própria conta, testando periodicamente seus conhecimentos, aprendendo a analisar os fatores macroeconômicos que influenciaram em seu rendimento, sempre visando estimular a turma a pensar individual e coletivamente (vantagens e desvantagens de se aplicar sozinho ou num fundo de investimento?).

No próximo post abordarei os tópicos de Educação Financeira a serem ensinados, relacionados com o que penso ser a idade ideal para cada um deles ser apresentado aos estudantes.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Aprendendo na escola

Em um cenário ideal, as pessoas deveriam ter Educação Financeira desde cedo, ainda crianças. E mais, além da escola, os pais também desempenhariam papel fundamental nesse processo.

Somente nos países desenvolvidos podemos ver algo parecido com esse ideal. Por lá, cabem as famílias o papel principal da Educação Financeira dos filhos, com as escolas reforçando a formação adquirida em casa. Em países atrasados em Educação, como o nosso, sabemos que as crianças não aprendem a lidar com o dinheiro nem em casa nem na escola.

Se fosse permitido escolher apenas um dos agentes para desempenhar o papel de Educador, acredito que seria desejável no mínimo, que a escola fosse a responsável pelo processo, pois o potencial multiplicador do conhecimento seria maior do aluno à família.

É importante reforçar que a Educação Financeira que imagino não seria o repasse de dicas ou regras motivacionais baratas de se administrar dinheiro, como infelizmente visto em algumas palestras. O objetivo aqui é bem mais profundo: criar uma mentalidade adequada e saudável em relação ao dinheiro com uma perspectiva de longo prazo.

Dentro desse contexto, imagino um conteúdo curricular para os alunos de várias idades que englobassem 4 aspectos fundamentais:
Como ganhar dinheiro,
Como gasta-lo,
Como investir, e
Noções de empreendedorismo.

No próximo post tentarei definir a importância do longo prazo no ensino da Educação Financeira e como ela poderia ser ministrada sem alteração na grade curricular já estabelecida, propondo um mínimo de mudanças no perigoso status quo das escolas e dos professores.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Por que abrir um negócio próprio? (parte II)


(continuação do post anterior)

O risco de se abrir um novo negocio

Conforme já mostrado no aspecto anterior, o mundo capitalista oferece naturalmente o cenário de “efervescência” para oportunidades de negócios. Salvo em períodos extremos e, digam-se de passagem, invariavelmente passageiros, como guerras ou calamidades naturais, a dinâmica da evolução socioeconômica é uma constante.

Ao entendermos e aceitarmos as premissas colocadas anteriormente, podemos afirmar com alguma margem de segurança que o risco de abertura de um novo negócio é mínimo, pois também a concorrência para a atividade de Empreender é bem reduzida.

Novamente proponho uma analise mais racional possível:

Se imaginarmos que a imensa maioria das pessoas que tenham idéias semelhantes de um novo negócio, não o concretizarão por medo ou aversão ao risco, podemos raciocinar que os empreendedores restantes, ou seja, aqueles que passarão desta fase de “incubação”, terão pela frente uma concorrência reduzida e conseqüentemente o risco envolvido será menor.

Podemos resumir que a tendência do ser humano de buscar a segurança, a “zona de conforto”, faz com que aumentem as oportunidades para os poucos que efetivamente levarão adiante à árdua, porém enfatizo não tão arriscada, tarefa de empreender um novo negócio.

Nada disso, porém, excluirá o essencial para a realização e posterior sobrevivência do novo empreendimento: Planejamento. Com suas várias etapas, todas racionais e sistemáticas, é o planejamento que irá definir se o novo negócio pode ou não ser realizado. Não existe no calculo do risco, conceitos abstratos como sorte ou destino, como alguns podem pregar.

E isso vale, em termos gerais, para os dois tipos de negócios que existem: o que atende a uma demanda já existente, nesse caso o Empreendedor objetiva oferecer melhor qualidade ou benefício de um produto ou serviço que já esta no mercado, e o inovador, no qual o Empreendedor objetiva criar nova necessidade no mercado, ofertando algo inédito. Claro que coragem e um pouco de sorte inicial são bem-vindos, mas o que ambos os negócios efetivamente exigem como condição essencial para o sucesso é “somente” Planejamento.

Em síntese, com esse dois argumentos, reforço a idéia de que o empreendedorismo é condição natural na sociedade em que vivemos e, aliada a tendência conservadora que a maioria das pessoas tem para fugir dos riscos, acaba proporcionando uma excelente oportunidade aos que se dispõe a persistir em sua jornada.

E, não por coincidência, nota-se que esses princípios são exatamente os mesmos que norteiam os investimentos em renda variável, com a diferença fundamental de que quando você se dispõe a montar o seu próprio negócio, 100% das ações serão suas. Alguém poderá objetar que 100% da concentração do risco também é seu, no que estará correto, mas essa concentração será inteiramente compensada pela sua total independência na condução do negócio. E, no final das contas, independência é precisamente o objetivo central de todo Empreendedor.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Por que abrir um negócio próprio?


Ou resumidamente: Por que devemos Empreender?
Não é preciso aprofundar-se nos benefícios sociais que a abertura de uma empresa traz. Além de criar postos de trabalho, ela gera riqueza em todos os setores da sociedade, o que é facilmente demonstrado pela ampliação da competitividade (que baixa custos e preços) e pela melhora dos serviços e produtos ofertados. Inegável também o impacto econômico. Um Empreendedor bem sucedido é um candidato a menos ao cadastro de programas governamentais de transferência de renda.

Pretendo aqui fazer uma análise quanto aos benefícios individuais para quem se dispõe a correr o risco de abrir um novo negócio. Uma reflexão racional e lógica, sem se deixar levar por aspectos motivacionais ou psicológicos, apesar de estarmos tratando essencialmente de indivíduos e, ao menos nesta análise, uma empresa é um indivíduo.

Vejo dois aspectos fundamentais que justificam o Empreendedorismo e servem para responder a pergunta inicial do texto. A princípio, vamos nos contentar em tentar respondê-la satisfatoriamente. Futuramente refletiremos sobre outra questão fundamental: “como fazer?”.
O primeiro aspecto fundamental significa entender as premissas básicas que regulam o mundo a nossa volta, de modo a se aceitar com naturalidade o fato de se abrir um novo negócio. O segundo, será provar que o risco de se empreender é de fato bem menor do que se pensa e será postado oportunamente. Vamos ao primeiro aspecto:

Premissas básicas para se entender a redução no risco de se empreender:

O mundo é formado por empresas. Tudo o que você precisa consumir, seja produto ou serviço, vem de algum lugar. É extraído, desenvolvido, fabricado, distribuído e vendido por empresas, sejam elas privadas ou públicas.

Fiquemos apenas com as empresas privadas. As empresas não nascem do nada. Existem pessoas que as criam baseadas na crença de que outras pessoas necessitarão de seu produto ou serviço.

Toda empresa deve gerar lucro. Em tese, apenas atividades essenciais e sem lucratividade econômica comprovada devem ser geridas pelos governos. Ambas as condições tem que existir para que se justifique a gestão governamental sobre uma atividade econômica (excetuam-se aqui as atividades relacionadas à segurança, conceito por sinal também discutível). Se isso ainda não ocorre em sua cidade ou país, acredite, um dia ainda ocorrerá.

Neste caso, deveria ser entendido como governo, todos os cidadãos daquela sociedade que, de algum forma, pagam indiretamente por aquela atividade governamental que será fornecido gratuitamente ou a preço baixo por algum organismo estatal. Cabe aqui a frase de Reagan: "não há nada que o governo esteja nos dando que já não nos tenha tirado antes".

Dois exemplos práticos: Energia elétrica é uma atividade essencial, porém é cobrada e pode ser lucrativa. Nesse caso, poderia perfeitamente ser gerida por uma empresa privada. Posto de Saúde é uma atividade essencial, sem cobrança direta, e não lucrativa. Nesse outro caso, deve ser gerido pela sociedade através de seus representantes (o governo).

Logo, se o mundo (ao menos a partir da revolução industrial) é formado por empresas e continua em permanente evolução, crescimento populacional e aumento do consumo incentivado pela contínua melhoria na distribuição de renda, pode-se considerar que a geração de oportunidades para novos negócios é uma constante. Não incorreríamos em erro ao se afirmar que a oportunidade para novos negócios é a regra em uma sociedade capitalista, independente de maior ou menor presença do estado na economia.

No próximo post abordaremos o segundo aspecto: o risco de se abrir um negócio é menor do que se imagina.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Questão de Princípios


Acredito que a construção de uma sociedade com melhor qualidade de vida, passe pela independência financeira de seus cidadãos. Isso pode ser conseguido com a quebra do ciclo das gerações endividadas, fruto da falta de orientação das escolas e das famílias.
A Educação Financeira possibilitará a todos essa orientação, que pode proporcionar o equilíbrio financeiro pessoal desejável e tornar viável a construção dos sonhos de cada um.

Gradativamente, pretendo passar nesta seção “dicas” ou indicações de sites que falem sobre a educação financeira para crianças e que penso, deveriam ser seguidas pelas famílias, pois infelizmente a maioria das escolas ainda não oferece essa disciplina que considero ser fundamental para construção de uma sociedade melhor.

Também em oportunidades futuras, devo escrever sobre o desenvolvimento de uma disciplina pedagógica ideal dentro da grade curricular já estabelecida, que traria benefícios práticos a formação dos alunos e de suas famílias.